Dos gritos primais nas cavernas de outrora evoluímos para a melodia do canto.
“No pescoço, encontra-se um tubo composto de cartilagens onde, localiza-se o músculo laríngeo e, inserido neste, as pregas vocais, responsáveis pela produção do som básico.
São apenas duas as pregas vocais e posicionam-se paralelas ao solo. Para a produção da fonação é necessário que as pregas vocais movimentem-se: abrindo na entrada do ar inspirado e vibrando na expiração.
Um fato interessante é que, a principal função das pregas vocais não é a fonação mas sim, de proteger os pulmões de substâncias nocivas que possam entrar pelo nariz ou boca. Isto se dá, quando as pregas vocais fecham fortemente obstruindo a abertura laríngea.
O som produzido pelas pregas vocais na laringe é muito fraco e pobre de harmônicos. para chegar ao que conhecemos e reconhecemos pelos nossos ouvidos, o som é amplificado quando passa pelas cavidades de ressonância (laringe, faringe, boca e nariz), e começa a tomar “forma” quando este, é articulado através de movimentos de língua, lábios, mandíbula, dentes e do palato.”¹
“A história do canto em conjunto tem suas raízes intimamente associadas à história da música e da própria humanidade. As primeiras melodias foram proferidas durante o canto coletivo de tribos primitivas em rituais religiosos para clemência e agradecimento aos deuses.
Para Platão (427-347 a. C.) até à Idade Média, o conhecimento dividia-se em duas grandes áreas: o Trivium (constituído por gramática, dialéctica e retórica), e o Quadrivium, constituído pela música (disciplina da relação do número com o som)>
Já Pitágoras (572-497 a. C.) distinguia entre três tipos de música, que se mantiveram durante toda a Idade Média. Eram a musica instrumentalis, a música produzida por instrumentos musicais (a música cantada fazia parte desta classe, sendo as cordas vocais consideradas um instrumento musical); a musica humana, a música inaudível produzida por cada ser humano, indicativa da ressonância entre corpo e alma, e ainda a musica mundana, a música produzida pelo cosmos, mais tarde conhecida por música das esferas.
Já no período clássico, foram estabelecidos os pilares do canto coral dentro da cultura grega e entre cristãos. O termo choros nasce na Grécia e diz respeito aos grupos de cantores e dançarinos que uniam suas vozes para formar melodias distintas entre si. Com esse povo, o coro ultrapassou os limites religiosos e adentrou as festividades populares.
O cristianismo, por sua vez, utilizou a música com a intenção de transmitir palavras litúrgicas e atrair mais fiéis para sua Igreja em expansão, depois que o imperador romano Constantino I permitiu a liberdade de culto, no ano 313. Dentro de templos cristãos funcionavam verdadeiras escolas de canto, sendo a primeira delas fundada pelo papa Silvestre I, no século IV
Com a reforma protestante do século XVI, foi reforçado o uso do canto coral em ambiente religioso, condição que se manteve até meados dos séculos XVIII e XIX. No entanto, as transformações políticas e econômicas desse período provocaram alterações profundas na sociedade. A classe média emergia e também procurava sofisticações culturais. Para satisfazer essa demanda, houve um grande aumento no número de corais desligados das igrejas, nascidos em várias regiões da Europa, especialmente França, Áustria e Alemanha. A tradição até hoje é enorme na Europa, entre pessoas comuns como médicos e advogados praticamente todos participam ou já estiveram em algum grupo de canto coral.”²
Dentro da evolução do canto daremos destaque para alguns estilos de musicalização da voz:
ÓPERA:
“Ópera é um gênero artístico que consiste num drama encenado com música.
O drama é apresentado utilizando os elementos típicos do teatro, tais como cenografia, vestuários e atuação. No entanto, a letra da ópera (conhecida como libreto) é cantada em lugar de ser falada. Os cantores são acompanhados por um grupo musical, que em algumas óperas pode ser uma orquestra sinfônica completa.
Os cantores e seus personagens são classificados de acordo com seus timbres vocais. Os cantores masculinos classificam-se em baixo, baixo-barítono (ou baixo-cantor), barítono, tenor e contratenor. As cantoras femininas classificam-se em contralto, mezzo-soprano e soprano. Cada uma destas classificações tem subdivisões, como por exemplo: um barítono pode ser um barítono lírico, um barítono de caráter ou um barítono bufo, os quais associam a voz do cantor com os personagens mais apropriados para a qualidade e o timbre de sua voz.”³
Andrea Bocelli - Ave Maria (Schubert)
CANTO GREGORIANO:
“O canto gregoriano é um gênero de música vocal monofônica, monódica (só uma melodia), não acompanhada, ou acompanhada apenas pela repetição da voz principal com o organum, com o ritmo livre e não medido, utilizada pelo ritual da liturgia católica romana, a idéia central do cantochão ocidental.[1]
As características foram herdadas dos salmos judaicos, assim como dos modos (ou escalas, mais modernamente) gregos, que no século VI foram selecionados e adaptados por Gregório Magno para serem utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica.
Somente este tipo de prática musical podia ser utilizada na liturgia ou outros ofícios católicos. Só nos finais da Idade Média é que a polifonia (harmonia obtida com mais de uma linha melódica em contraponto) começa a ser introduzida nos ofícios da cristandade de então, e a coexistir com a prática do canto gregoriano.”³
The Gregorian Monks Sing "With or Without You"
CORAL:
“O Coro é o mais antigo entre os grandes agentes sonoros coletivos. Antigos documentos do Egito e Mesopotâmia revelam-nos a existência de uma prática coral ligada aos cultos religiosos e às danças sagradas. O termo Chóros possui um sentido bastante amplo e com o decorrer da história passou por diversos significados. Em sua origem grega, Chóros, representava um conjunto de aspectos que, somados, iam ao encontro do ideal do antigo drama grego de Ésquilo, Sófocles, e Eurípedes. O conjunto consistia em Poesia, Canto e Dança.”*
Handal's The Hallejuah Chorus from the Messiah
PERCUSSÃO VOCAL:
“Cada vez mais novos grupos a cappella estão usando a percussão vocal. Essa
arte, que consiste em usar os lábios, a língua e a voz, é o que podemos
chamar de arte imitativa [...] De uma arte que se faz através do ‘ensaio e
erro' acaba-se por descobrir como usar a boca para fazer determinados sons
que não sejam cantados.”**
The Voca People “Meddley”
BEATBOX:
”Beatboxing é uma forma de percussão vocal, que envolve principalmente a
arte de produzir batidas, ritmos e sons musicais através de uma boca, lábios,
língua e voz. Também pode envolver canto, imitação vocal, a simulação de
cornetas, cordas e outros instrumentos musicais.”***
VOCAL GUTURAL:
“O vocal gutural (do latim guttur, que significa garganta, goela), em música, é uma técnica vocal que produz um som rouco, grave ou profundo, que se obtém através do apoio diafragmático(comumente usado na maioria dos estilos de canto), que é uma técnica de respiração, juntamente com distorções no som produzido nas pregas vocais e laringe, que produz um som grave e rouco, com uma agressividade característica. O estilo é muito usado em bandas de metal de estilo death metal, metalcore, deathcore e thrash metal. Também é bastante comum no black metal, gothic metal e em algumas variantes do symphonic metal.”³
Arch Enemy – My Apocalypse
Fonte do texto: Adriana Barbato¹, Ednardo Monti – WebArtigos²,
(Wikipédia³ – Opera, Canto Gregoriano, Gutural ), Luteranos*, RioACapela**, UFNR***
Imagem: Google Imagens