terça-feira, 17 de agosto de 2010

‘Rock in Rio volta à cidade a cada dois anos’

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Longe da cidade por uma década, o Rock in Rio finalmente voltará à terra natal ¿ e será para ficar, garantem os organizadores. A ideia é fazer tremer a Cidade do Rock a cada dois anos. A quarta edição do festival, lançada ontem no Palácio da Cidade, começa em 23 de setembro do ano que vem.

Quem roubou a cena ¿ e o microfone ¿ na festa de apresentação foi o prefeito Eduardo Paes. "Para a sorte do rock 'n' roll, vim para a política", fez graça Paes, depois de soltar a voz na música-tema do Rock in Rio ("Se a vida começasse agora..."), composta para o festival de estreia, em 1985, por Eduardo Souto Neto e Nelson Wellington. O hino ganhou regravação de artistas como Frejat, Ed Motta e Pitty, mas as 108 atrações que devem desfilar nos seis dias de shows (ingressos a R$ 180 por noite) ainda não foram confirmadas.

"Quero trazer Iron Maiden, Radiohead, Guns 'n' Roses, Lady Gaga e Shakira", antecipou o idealizador do Rock in Rio, o empresário Roberto Medina, que estima em cerca de R$ 65 milhões o orçamento para a produção do retorno do festival à sua cidade de origem. "Levei o evento para fora do Brasil na época em que as notícias daqui eram só sobre tiroteio e crise. Hoje, o que se destaca é o crescimento econômico", compara. "Depois das edições de sucesso em Portugal e Espanha, já estou em negociações para levar a ideia também para a Polônia, a Inglaterra e o México".

O investimento anunciado pela prefeitura para a construção do Parque Olímpico Cidade do Rock é de R$ 40 milhões. O espaço foi encomendado, na verdade, por ocasião da Olimpíada de 2016 e será para o lazer dos atletas. A festa do rock vai ocupar área de 150 mil m², em frente ao Riocentro E não muito longe da Cidade do Rock original, na Avenida Salvador Allende, em Jacarepaguá. Depois, passa a ser o destino das apresentações de grande público ao ar livre no Rio, que atualmente têm palco no Maracanã, na Praça da Apoteose ou na Praia de Botafogo.

O festival ocupará 150 mil metros quadrados em Jacarepaguá, com investimento de R$ 40 milhões da prefeitura. O espaço será adaptado para área de lazer de atletas na Olimpíada de 2016 e servirá como arena permanente para grandes shows no Rio.

A cantoria inicial de Paes foi cortada por Ivo Meirelles, presidente da Mangueira e candidato a atração no festival: "O prefeito está querendo roubar nosso lugar!", brincou. Ed Motta, Sandra de Sá, Tico Santa Cruz, George Israel, Rogério Flausino, Di Ferrero, Pitty e Frejat, entre outros artistas nacionais, também celebravam o anúncio do Rock in Rio ¿ e uma possível escalação, claro.

Palco alternativo e desfile de moda
Um palco menorzinho promete disputar os holofotes com a boca de cena principal, onde vão desfilar as atrações nacionais e internacionais mais esperadas. Batizado de Sunset, o espaço alternativo será destinado a atrações novas no cenário e a inusitados encontros musicais. "Essa ideia não acontece em nenhum festival do mundo. O público vai poder conferir ali, por exemplo, um show do músico português Rui Veloso e de repente o Elvis Costello entrar para dar uma canja", prevê o cantor e compositor Zé Ricardo, que está cuidando da direção artística do Sunset.

Este próximo Rock in Rio vai contar também com a Rock Street, uma rua com bares de lado a lado rolando jams sessions, apresentações de dança de rua e desfiles de moda. A tenda eletrônica, sucesso na edição de 2001, continua, com DJs do mundo inteiro.

Arrependimento por boicote em 2001
Apesar de Medina destacar que "o festival impulsionou uma geração de bandas brasileiras", no vídeo promocional do Rock In Rio 2011 nenhum artista daqui dá as caras e quem brilha são Queen, Red Hot Chili Peppers e Iron Maiden. Os grupos brasileiros, aliás, tiveram relação complicada com o evento. Em 1985, a grita foi sobre condições deficientes de som em relação aos gringos. Em 2001, reclamando do horário dos shows (de dia, sem aproveitar a iluminação do palco) e dos valores dos cachês, Skank, O Rappa, Raimundos, Charlie Brown Jr., Cidade Negra e Jota Quest boicotaram o festival e o elenco teve que ser reformulado em cima da hora. "Hoje, me arrependo daquela atitude", resigna-se Toni Garrido, na época no Cidade Negra. "Foi uma cagada em conjunto que serviu para a gente aprender", avalia Rogério Flausino, do Jota Quest.

Matéria de: Leandro Souto Maior
Fonte: Terra
Imagem: Google Imagens