Praticamente desconhecida do público ocidental, a lenda originou-se em Kyoto, através da adoração das figuras de altos oficiais, que representavam as religiões (budismo, xintoísmo e taoísmo) para os quais as pessoas passaram a rezar por colheitas abundantes e prosperidade do país.
Durante este período, os negócios comerciais passaram a tomar forma e as pessoas a desenvolver um senso de individualismo e busca por benefícios próprios. Quando a cultura popular começou a florescer - período “Edo” (1600-1867), os Sete Deuses da Felicidade, tornaram-se bastante cultuados. Deu-se o início à peregrinação "shichi fukun jin" de visita aos templos e santuários associados aos deuses com o intuito de pedir o bem-estar da família e o sucesso nos negócios.
Comumente representados no topo de uma “takarabune” (barca do tesouro em português), tornou-se popular a crença de que dormir com esta imagem, atrai a boa fortuna nos negócios e o bem- estar."*
Os 7 Deuses são:
"DAIKOKUTEN (Deus do paraíso)
Tem um rosto cheio, faz imaginar um ancião de estatura alta, traz um martelo eu realiza todos os desejos e carrega nas costas um grande saco. Surpreendentemente, a origem deste Deus está na religião Hindu, da Índia. Ao ser introduzido ao Budismo, tornou-se o protetor de Buda. No Japão, juntou-se ao OOKUNI NUSHINO MIKOTO, conhecido como Deus da fartura na colheita, Deus do lar e Deus da cozinha.
EBISU (Deus da prosperidade nos negócios)
Usa um chapéu de pano preto, traz no braço um pargo e segura uma vara de pesca. É o único Deus japonês dentre os sete. Por ser proveniente do além-mar, significa também Deus da fartura na pesca e, pelo fato de poder trocar os pescados por mercadorias, passa a ser também Deus da prosperidade nos negócios.
BENZAITEN (A Deusa da arte e da música)
Única Deusa entre os sete. Era, anteriormente, Deusa da religião Hindu. É deusa da água e dos rios. Pela sensação agradável do som da corredeira do rio, passa a ser também considerada Deusa da música. Traz um instrumento musical semelhante ao biwa, instrumento de cordas japonês. Era Deusa da eloquência e da arte, porém, com o tempo passou a ser dos bens (riqueza material). Para os japoneses, água é um purificador de todas as máculas e também elemento que proporciona a umidade necessária. Conforme o templo, sua imagem é retratada de forma diferente, desde uma linda menina até uma Deusa com uma beleza sensual.
BISHAMONTEN (Deus da guerra)
Da religião Hindu, é deus da guerra. Traz na mão esquerda um pagode e na mão direita uma lança e um bastão que é tesouro. Na China, ele é Deus protetor da Nação. No Japão,era Tamonten, um dos Deuses shitennoo: Deuses que protegem as quatro direções - Leste, Oeste, Norte e Sul, que protege a direção Norte.
Imagina-se que passou a ser um dos sete Deuses por realizar desejos.
JUROOJIN (Deus da longevidade)
Possui uma longa cabeça e cabelos brancos. Possui uma bengala e traz consigo um cervo. É Deus da longevidade e juventude. É muito parecido com Fukurokuju.
HOTEI OSHOO (Deus da previsão)
É um monge que, segundo contam, viveu na China no século 10.
Possui um rosto muito sorridente, te orelhas grandes (os japoneses as chamam de fukumimi, ou seja, orelhas da felicidade) e uma grande barriga. Hotei é o nome popular, sendo Kaishi o seu verdadeiro nome. Carrega sempre um grande saco, recebia sem problemas mesmo as oferendas de peixes, proibidas pelos mandamentos, sendo muito amado pelo povo. Mesmo deitando sobre neve, seu corpo não se molha, acerta todas as previsões de tempo, e, segundo contam, nunca errou ao adivinhar sobre a sorte das pessoas. Dizem que é uma das formas de aparição de Miroku Bosatsu, Bodhisattva que se segue ao Buda, para vir a este mundo proporcionar salvação às pessoas.
FUKUROKUJI (Deus da sorte)
Parece-se com Juroojin, porém tem uma estatura mais baixa e cabelos brancos. Traz consigo um grou branco ou uma tartaruga, símbolos de longevidade e tem em mãos uma bengala com um pergaminho que contém a transcrição de uma sutra. Também é Deus do ideal do Taoísmo.
Esses sete Deuses ficaram dessa forma definidos na segunda metade da Era Muromachi. Dizem que até então os seus membros já tinham sido substituídos; porém, o número sagrado que é SETE sempre se manteve constante.
O número SETE é realmente para os chineses e japoneses o número da sorte."**
OBS: - Texto publicado no Jornal S. Paulo Simbum de 4/01/2001
*Fonte do texto: Magia Dourada
** Fonte do texto e imagens: Sonoo